Entrevista com Eddie Roschi – sócio fundador da casa independente de perfumes Le Labo
A idéia partiu de um certo inconformismo em relação à indústria da perfumaria, que atualmente produzem produtos massificados vendidos em lojas que mais se parecem com supermercados.
A proposta da Le Labo sãos fragrâncias artesanais, criadas e desenvolvidas a partir de uma matéria prima singular. Cada uma possui o nome da matéria prima central adicionada ao número de ingredientes que formam a composição da fragrância: bergamota 22, rosa 31, vetiver 46, neroli 36, fleur d’oranger 27, patchouli 24, jasmin 17, iris 39, labdanum 18, ambrette 9, tuberose 40, aldehyde 44 e vanille 44.
O que diferencia uma casa independente das grandes marcas geralmente é o marketing e o tipo de distribuição dos produtos.
A marca usou da criatividade para oferecer ao cliente uma experiência muito especial: abrir as portas do laboratório para que os clientes possam aprender e apreciar a arte da fabricação de perfumes, ou simplesmente poder sentir as fragrâncias emanadas pelas matérias primas nobres que compõem os perfumes Le Labo, sem serem pressionados para adquiri-los.
É muito importante para os fundadores que as pessoas possam explorar seu senso olfativo, adquirir conhecimento, senso crítico e principalmente se apaixonar como e com eles. Neste sentido oferecem além da visita, um kit olfativo com frascos de 2,5ml, contendo 40 essências naturais e fundamentais para a fabricação de perfumes, diluídas numa solução básica alcoólica.
Após uma troca de vários e-mails com os fundadores da Le Labo, eu consegui organizar a entrevista.
Inteligente, disponível e muito profissional, Eddie, um dos primeiros idealizadores da marca, aceitou ser entrevistado para a inauguração do site. Ficou muito entusiasmado em ser entrevistado para um site de perfumaria brasileiro, pois no passado, morou em São Paulo oito anos e gosta muito do Brasil, e confessou com um bom humor e que lhe é inerente, que está procurando uma desculpa para conhecer melhor o mercado de fragrâncias nacionais.
Como você define o conceito Le Labo?
É a primeira marca de perfume elaborada a partir da idéia de dar acesso aos bastidores da criação do perfume. Nosso laboratório é um local onde você possa educar o nariz para a arte de cheirar, escolher um perfume da nossa marca e ver a fabricação artesanal do mesmo na sua frente.
Como se desenvolveu o processo de criação das fragrâncias na sua empresa?
Nós trabalhamos conjuntamente com os perfumistas. Fabrice e eu partimos de essências que nós queríamos, em termos de famílias olfativas, para depois decidirmos em termos gerais e conjuntamente com os perfumistas. A partir dessas discussões nós começamos a cheirar idéias e conceitos que foram se refinando durante um longo período.
Vocês planejam lançar novas fragrâncias no futuro?
Não temos planos específicos para novos lançamentos na nossa coleção principal, pois isto depende de coisas que cruzam com os nossos caminhos. Nós estamos porém trabalhando no desenvolvimento de fragrâncias exclusivas para cada cidade onde possuímos uma loja. Nós temos Tubereuse 40 para NY, Aldehyde 44 para Dallas, Vanilla 44 para Paris e vamos lançar fragrâncias exclusivas para Londres, Los Angeles e Tókio em setembro deste ano.
Isto seria uma forma de prestigiar seus habitantes, mostrando que a sua marca oferece a eles um produto que será somente vendido naquela específica cidade? Seria uma forma gentil de presenteá-los?
O conceito de fragrâncias específicas para cidade gera muita a crítica negativa e frustração. As fragrâncias desenvolvidas excepcionalmente para cada cidade são fragrâncias maravilhosas que você não possui fácil acesso – esta é a idéia por trás do projeto. A dificuldade de conseguir algo é um modo de lembrar os dias em que você traria Havainas somente do Brasil de presente para amigos, ou algo de Nova York etc... Atualmente as coisas são fáceis de serem conseguidas em qualquer lugar. Nós queríamos lembrar a algumas pessoas que produtos bons e autênticos possuem pessoas por trás deles. Mas por causa dessas fragrâncias, as pessoas querem adquiri-las rapidamente. Nós perdemos vendas não as distribuindo em todos os lugares, e nós poderíamos decidir por não criá-las. Portanto, esta frustração nos permite sorrir!
O Brasil é um dos maiores mercados de fragrâncias infantis. Eu reparei que vocês possuem um perfume para bebês. Você pode comentar um pouco sobre ela?
Nossa fragrância Ambrette 9 foi desenvolvida tendo em mente crianças, de um ponto de vista estético. É vendida numa fórmula a base de água para crianças e numa base alcoólica para adultos.
As fragrâncias Le Labo fazem parte do conceito de casa independente e são únicas. Dentro deste tema, fragrâncias unisex não vão contra o conceito de único? Afinal, homens e mulheres são tão diferentes…
Nós não acreditamos em gênero para fragrâncias. Perfume é um acessório e você usa o que você tem segurança de usar. Um homem pode usar uma fragrância feminina ou vice-versa, desde que corresponda a sua personalidade e nível de auto-estima. Nós dividimos nossas fragrâncias em feminino, masculino e unissex somente para simplificar a aproximação e descoberta de nossas essências; dividimos para que as pessoas não se sintam intimidadas pelo número de opções oferecidas quando entram na nossa loja ou posto de venda.
A Le Labo oferece um kit olfativo com fragrâncias para ensinar como desenvolver o senso olfativo e refiná-lo. Qual é importância para os consumidores de ter esta oportunidade de aprender mais sobre matérias primas, e sobre o processo de desenvolvimento de um perfume? Na sua opinião, isto poderia modificar o modo pelo qual a indústria de perfumes se relaciona com seus consumidores e vice-versa?
Esta é uma das nossas missões na Le Labo. Nos acreditamos que para poder reconhecer a criatividade e a qualidade numa criação, é preciso um certo conhecimento da área. Então, quanto melhor você conhece, mais você confia no seu senso crítico e é menos influenciado por outras pessoas ou por propagandas. É o caso de qualidade e da criação para qualquer outra área. Você precisa saber sobre vinhos para poder apreciar uma boa garrafa, etc... A mesma coisa para música. Educação e especialização é a chave para o desenvolvimento de um bom senso para julgamento (avaliação).
Apesar do fato de oferecer um laboratório aberto e um kit olfativo para dar esses instrumentos para o público, não somente para entender mais sobre as fragrâncias, mas também para formação de opinião crítica sobre o que é bom e o que é ruim, abrir o laboratório não significa subtrair a atmosfera misteriosa que envolve a criação de um perfume? Nós estamos acostumados a pensar e imaginar que o que existe dentro desses pequenos frascos é magia pura. Na sua opinião, revelar o processo aumenta a paixão por perfumes ou revela uma outra verdade sobre eles?
Nós acreditamos que o cliente deve saber como é complexo o desenvolvimento de um perfume. Quanto mais ele souber sobre o setor, mais educado ele será e melhores compras ele fará, e menos ele ouvirá opiniões de outras pessoas, de críticos ou será influenciado por anúncios. Nós acreditamos que isso acrescenta a magia! Quando você compra uma garrafa de vinho num Chateau , a experiência é diferente do que comprar a mesma garrafa num supermercado!
Eu fiquei sabendo que você possui a experiência de ter morado no Brasil. Você teve contato com matérias primas para perfumaria? Você conhece o mercado de fragrâncias brasileiro?
Sim, eu morei em São Paulo oito anos, mas naquela época eu não estava envolvido com fragrâncias, então na verdade não, eu não conheço o mercado de fragrâncias brasileiro, mas nós usaremos qualquer desculpa para conhecê-lo melhor!!!!!
Para ter uma idéia, basta verificar o site ultra moderno – www.lelabofragrances.com ou fazer uma visita pessoalmente em uma de suas lojas espalhadas pelo mundo.
Esta entrevista foi retirada do site www.maisqueperfume.com e a foto foi enviada por Eddie, de presente, junto com a caixinha mágica de fragrâncias. Para ver no original acesse o site.
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